domingo, 24 de outubro de 2010

Forgotten

Os pingos quebravam forte na minha pele, os raios iluminavam brevemente o céu escuro e coberto por nuvens espessas. O som dos trovões inundavam o vácuo a minha volta. A chuva caía diante dos meus olhos, ensopando minhas roupas e o vento rajava forte, bagunçando meu cabelo encharcado.
Meus dentes batiam rápido e fortemente um contra o outro, mas não chegava a realmente me irritar. Com os pensamentos a todo vapor, e lembranças de um passado feliz não-tão-distante, eu estava entorpecida demais para sentir algo mais além de medo e saudades.
Em todo lugar que eu olhava, todas as pessoas que eu via, todas as músicas que eu escutava, e todos os cheiros que eu sentia, eu encontrava um pouco de você. Mesmo que eu quisesse, era impossível te esquecer.
Não que eu quisesse te apagar da minha vida, como se tudo que a gente passou, tivesse sido em vão, o que, definitivamente, não foi, mas eu precisava cicatrizar e voltar a viver. 
Minhas pernas pareciam se mover sozinhas pela rua deserta. Até que passei por um bar de quinta, na esquina daquela rua interminável. E eu realmente precisava de um drink. Entrei.
Sentei no banquinho, na frente do barman, acendi um cigarro e pedi:
- Um copo de whisky com pouco gelo, por favor. - Minha voz soava horrível, como se eu estivesse seca por dentro. O barman colocou um copo médio com 3 pedras de gelo na minha frente e encheu com um whisky qualquer (para mim, pelo menos, que não conseguia prestar atenção em nada mais ao meu redor).
- O mesmo para mim. - disse o cavalheiro de chapéu com ar de mistério, do outro lado do bar. Que voz era aquela!
Eu o encarava, embasbacada. Não conseguia me conter. Apaguei meu cigarro e apanhei meu copo de whisky e fui sentar ao seu lado.
Ele levantou de lado seu chapéu, e apenas mostrou um sorriso sincero e sombra nos olhos. Trocamos algumas palavras mudas, até que ele se levantou e saiu apressado enquanto eu gritava:
- Qual o seu nome ???
Ele parou quando ia fechar a porta do bar e limitou-se a sorrir misteriosamente e desaparecer ate um dia qualquer, por aí.