sexta-feira, 11 de março de 2011

Games

Sim, eu sonhei com você. De novo. É claro que foi o mesmo sonho de sempre. Você se declarou para mim e foi tudo tão romântico... Foi tudo tão...
tão...
...
Sem graça.
Pois é. Foi ridículo de tão sem graça. Porque o legal não é nós ficarmos juntos. A trama da nossa história é eu tentar te conquistar, porque eu só percebi o quanto eu fui burra de te deixar ir, quando eu perdi você. E agora, guess what? Eu te quero de volta.
Parece história de filme, bem clichê e tudo o mais. Eu sei. Mas o que eu posso fazer? Não é algo que eu consiga controlar.
Tenho 99,99% de certeza que você não me quer, afinal, eu te magoei bastante. Mas é esse O,O1% de chance que eu tanto me agarro. A esperança é a última que morre, né?!
Sabe o que é pior?  Você sabe. Você sabe de tudo isso e não faz nada. Não fala nem meio a pra me desencorajar! Como eu sei que você sabe? Pelo seu olhar. Seus olhos gritam isso quando você me pega olhando pra você.
Você é uma pessoa decente. Pelo menos eu acho isso. Você não deixaria quieto se não quisesse nada no final. O que me leva ao meu fio de esperança firme, forte e persistente.
O problema é que a graça de você tá no jogo e na dificuldade de te conquistar. Se você fosse mais fácil, não teria graça nenhuma. Mas você é difícil e aí voltamos ao jogo.
Eu não quero namorar com você, nem nada. Só quero ganhar o jogo, ou seja, te conquistar. E esse é meu último ano pra isso.
Você pode apostar, eu vou (te) ganhar! :D

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Freedom

Correr, e não sentir mais nada a não ser o vento gelado cortando seu rosto e bagunçando seu cabelo. A dor física gerada pelo esforço contínuo é relaxante. Insano? Eu sei, mas enquanto eu me preocupo com a dor física, eu esqueço das outras dores -- aquelas que não se curam com pomadas ou remédios.
E a ideia de que, quanto mais rápido você correr, e quanto mais longe você for, os seus problemas ficarão para trás. Sei que isso não é verdade, mas a paz de espírito que isso traz por alguns segundos, é reconfortante.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

When faced with two choices, simply toss a coin. It works not because it settles the question for you, but because in that brief moment when the coin is in the air, you suddenly know what you are hoping for.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Cada suspiro doía. Cada mínimo movimento arranhava suas entranhas profundamente. Cada pensamento a levava a mais consciência quando tudo que queria era o torpor para esquecer a dor e os acontecimentos recentes.
Ela tinha um último pedido a fazer. Mas doía demais puxar o ar, doía demais fazer esforço para falar, e pior: iria doer mais ainda quando ela o visse. Mas essa última não seria uma dor física. É uma dor que ela vem sentindo há anos e anos. Uma dor que a levou à insanidade, que a levou a se machucar fisicamente tamanho era o que sentia por dentro.
Machucava-se fisicamente, pois queria alguma outra dor que pudesse ser suportável, que conseguisse estancar o sofrimento, que fizesse com que ela se esquecesse de tudo que aconteceu.
Ela desejou ser surda, cega e muda para nunca ter ouvido aquelas palavras. Palavras que machucaram mais que atos. “Eu não te quero mais. Não te amo mais. Acho melhor nós nunca mais nos vermos de novo. Adeus.” Palavras mudas ecoavam na mente dela. Não ditas por alguém, nem escritas em algum lugar. Apenas lembranças horríveis de um passado dolorido demais para ser lembrado.
Mesmo se lembrando das palavras dele, sobre nunca mais se ver, ela precisava que esse último pedido fosse atendido. Depois, nunca mais encheria ninguém. Nunca mais seria um estorvo na vida de outra pessoa.
Virou um pouco a cabeça para o lado, chamou a mãe que repousava sob uma poltrona preta e pediu que ligasse para ele. A mãe queria dizer não, mas sua filha estava lhe fazendo um último pedido, e sua intuição de mãe lhe dizia que era o último.
Chamou o pai para se despedir da filha e depois ela mesma se despediu, dizendo que atenderia seu pedido. Forçou-se a não chorar na frente da filha. Por mais difícil que fosse se segurar, conseguiu porque queria que a filha fosse para o outro mundo tendo uma lembrança feliz da mãe.
Mais ou menos meia hora depois, ele chegou. Parou na porta do quarto e ficou horrorizado ao ver o estado dela. Tinha ouvido falar do acidente, mas não achava que tinha sido tão grave. Não conseguia se mexer, pois suas pernas estavam travadas de medo. Medo de perdê-la mais uma vez.
Mesmo assim, forçou as pernas a se moverem até o lado dela e a segurar sua mão. Tinha medo de chegar mais perto, pois ela parecia tão frágil quanto um vaso de porcelana prestes a atingir o chão.
Ela estava de olhos fechados, mas quando sentiu o toque inconfundível da mão dele, os abriu na hora. Seus olhos castanhos melados se fixaram nos dele pelo que pareceu um bom tempo. Quando finalmente conseguiu falar, disse:
- Eu só queria dizer que te amei mais que tudo. Que dei tudo de mim para você, mas não foi suficiente. Eu entendo porque se afastou. Não o culpo por isso. Aliás, não o culpo por nada. Só queria dizer que cada minuto que passamos juntos foram os melhores momentos da minha vida e eu não me arrependo de nada. Eu ainda te amo imensuravelmente.
Depois de tanto falar, ficou mais fraca do que já estava. Mas sua dor interna foi sufocada por uma onda de alívio. Ele não conseguia falar, pois quem sentia muita dor era ele. A mesma dor que ela sentiu por tanto tempo, ele estava sentindo (mais intensamente) agora.
- Tudo que eu fiz, foi por você. Você parecia extremamente sufocada e presa quando estávamos juntos. Achei que seria melhor te dar um espaço. Você parecia precisar de um tempo longe de mim, de um tempo longe de nós. Eu nunca deixei de te amar. Nunca consegui seguir minha vida sem você. Nunca consegui ficar bem. Mas continuava achando que você tinha superado e tinha ficado bem sem mim. Se eu soubesse o quanto você sofreria, como sofreu, nunca teria te deixado nem por um segundo. Arrependo-me de ter te deixado. E tudo que eu falei naquele dia sobre não te amar, nunca deixou de ser a pior mentira que já contei. Sim, eu ainda te amo mais do que tudo.
Ela levantou a mão e pousou sobre o rosto dele e disse suas últimas palavras:
- Obrigada, era tudo que eu precisava ouvir para partir em paz.
Sorriu para ele e fechou os olhos ainda sorrindo, enquanto o aparelho que estava ligado a ela soava terrivelmente como o fim de tudo.